30/08/2022

Bruno Pavan

A ansiedade é um dos transtornos psiquiátricos mais presentes na sociedade de hoje. A sua forma mais aguda é conhecida como Síndrome do Pânico. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 mais de 18 milhões de brasileiros apresentavam o transtorno, ou seja, quase 10% da população do país.

Especialistas, no entanto, acreditam que os anos de pandemia aumentaram ainda mais esse número e que a ansiedade, que pode levar à Síndrome do Pânico, se tornou um problema ainda maior com o quadro de crise econômica.

Por ser um quadro muitas vezes silencioso, os amigos e familiares que desejam ajudar uma pessoa que apresentou ou que pode apresentar um ataque de pânico precisam ficar de olho em atitudes que podem significar um sintoma.

O que é um ataque de Pânico?

Quando alguém tem um ataque de pânico ela pode sentir vários sintomas como falta de ar, mal estar, alterações físicas, taquicardia, sensação de falecimento, adormecimento dos membros, junto com hiperventilação e uma sensação de que algo muito ruim está para acontecer. Isso não quer dizer, no entanto, que qualquer problema seja identificado em algum exame médico.

“Quem está próximo muitas vezes não entende. A pessoa não tem nada, seu coração está bom, tem vinte e poucos anos, mas na verdade ela está sofrendo muito. Primeiro é preciso entender que é uma crise real para a pessoa, que pode até durar poucos minutos, mas o mal estar dura horas”, apontou o professor de psiquiatria da Universidade de Santo Amaro (Unisa) Kalil Dualibi.

Não julgue

A empatia com a pessoa que sofreu um ataque de pânico é outro ponto central para quem está próximo conseguir ajudar de forma eficaz. Uma conversa honesta, olho no olho, pode ser um bom começo para que haja um diálogo que de fato possa fazer a pessoa ansiosa ser ouvida.

“Quando a pessoa ‘fala você não está bem’, pode significar um tom acusatório, por isso é importante se colocar na perspectiva de quem ouve”, explicou a psiquiatra do Hospital Sírio Libanês Carolina Hanna. “Durante um ataque de pânico, muitas vezes dizer para a pessoa ficar calma não ajuda, pois ela está sentindo justamente essa falta no controle de fluxo de pensamento”, afirmou.

Abordagem no trabalho

Questões de saúde mental também estão sendo levadas cada vez mais a sério no ambiente corporativo. A Síndrome de Burnout, uma espécie de esgotamento mental extremo por parte do trabalhador, atinge mais de 30% das pessoas em idade economicamente ativa no Brasil, em maior ou menor grau, de acordo com pesquisa do International Stress Management Association (Isma-BR). Ela foi reconhecida em 2021 como doença de trabalho pela OMS.

Para evitar que o trabalhador tenha uma crise de burnout ou de pânico, é essencial que os chefes imediatos conversem periodicamente com os subordinados e fiquem atentos a qualquer diferença de comportamento e rendimento.

“No ambiente corporativo é o chefe daquela pessoa que vai perceber que ela não está rendendo bem e tem um comportamento diferente. Nesse caso, é bom as lideranças estarem capacitadas para identificar esses quadros e fazer uma primeira abordagem, olhando nos olhos e não na frente dos outros para depois fazer o encaminhamento para um especialista”, explicou Arthur Guerra, psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina da universidade de São Paulo e cofundador da consultoria Caliandra Saúde Mental.

Existe cura

Além da rede de apoio entre amigos e familiares, é essencial também que essa pessoa passe por um tratamento especializado com um psiquiatra. Os especialistas são unânimes em apontar que com uma terapia adequada, é possível se recuperar 100%.

“É necessário buscar tratamento, que pode ser em parte farmacológico, para entender por que essa pessoa se sente assim. Mas também pode ajudar a prática de atividade física para aumentar a produção de endorfina, mudar seu estilo de vida e pensar um pouco mais em você. Ter tempo pra sair, ter tempo pro que faz sentido na vida”, apontou Dualibi.

Fonte: www.istoedinheiro.com.br/o-que-fazer-pra-ajudar-alguem-com-sindrome-do-panico