27/09/2024
Livro de Nizan Guanaes, um dos mais importantes publicitários do país, em parceria com o psiquiatra Arthur Guerra, traz conselhos sobre como manter a sanidade diante de problemas modernos e revela por que ser feliz é uma questão de disciplina
Nizan Guanaes é o nome por trás da comunicação das principais marcas do Brasil e é considerado pelo Financial Times um dos cinco brasileiros mais influentes do mundo. Apesar da carreira bem-sucedida, a saúde do publicitário seguia um caminho reverso, num lento processo de autodestruição que envolvia má alimentação, sedentarismo e poucas horas de sono. Quando o corpo e a mente acenderam um sinal de alerta, ele encontrou o médico e triatleta Arthur Guerra.
Referência no país quando o assunto é saúde mental, o psiquiatra oferece aos pacientes um plano baseado nos pilares da Medicina do Estilo de Vida. É por meio da adoção de bons hábitos que Arthur busca prevenir, tratar e por vezes reverter doenças crônicas.
Do encontro entre o publicitário e o médico nasceu Você aguenta ser feliz?, lançamento deste mês da Editora Sextante. Baseado em um artigo que Nizan publicou em dezembro de 2020 na Folha de S. Paulo, o livro, escrito a quatro mãos com Arthur, reúne conselhos valiosos sobre como combater vícios digitais, compulsões, abuso de medicamentos, álcool e drogas.
O título reproduz a pergunta que o médico fez ao publicitário em uma de suas consultas. Essa provocação falsamente simples transformou a relação de Nizan com sua própria saúde.
“Eu já tinha usado aquela frase antes com outros pacientes, afinal essa é uma postura recorrente. Acontece que aquele era um dos homens mais criativos do país, Nizan Guanaes, que anos mais tarde teve a sensibilidade de traduzir para uma coluna de jornal, publicada com o título “Você aguenta ser feliz?”, o que, na verdade, é a realidade de muita gente. Como Nizan na época, muitas pessoas parecem viver sempre em busca de algo mais, simplesmente não conseguem se satisfazer com o que têm e, a cada meta alcançada, estipulam novos objetivos, mais distantes”, conta Arthur.
Construído como um diálogo em que Arthur traz o conhecimento sobre o tema e Nizan contribui com sua experiência sob os cuidados do médico, o livro convida o leitor a perceber que nunca é tarde para assumir o controle do seu próprio bem-estar. Para a dupla, a felicidade é uma conquista diária que acontece quando estabelecemos prioridades, e isso inclui dizer alguns “nãos” para conquistar uma vida mais disciplinada e feliz.
“Este livro nasceu em divertidas sessões de Zoom entre um editor que acredita em autoajuda, um publicitário paciente e um dos maiores psiquiatras do país. Nestas páginas, Guerra descreve um novo caminho para o desafio de correr atrás da felicidade. Ele quer que a gente corra atrás dela de tênis. É fácil? Não, e não tem linha de chegada. Essa ultramaratona se chama vida. Eu espero, caro leitor, que você não só leia, mas espalhe este livro”, ressalta Nizan.
Alguns trechos do livro:
- Nunca se falou tanto em saúde mental quanto nos últimos anos, em parte pelo impacto que a pandemia de covid-19 teve no equilíbrio emocional das pessoas. Foi algo que, de tão inédito, originou novos termos para descrever os sentimentos e estados psíquicos que passamos a experimentar. “Fadiga pandêmica” foi um deles, adotado pela OMS na tentativa de designar o cansaço e o esgotamento físico e mental desencadeados pela dificuldade de adaptação ao momento. Também tivemos que nos habituar à expressão “definhamento” (traduzido de languishing, em inglês) para definir a sensação de estagnação e vazio, de estar sem propósito e motivação, “apenas existindo”, como alguns relatam. Até hoje esses sentimentos estão entre nós, e ninguém sabe por quanto tempo iremos conviver com eles. Ainda que, enquanto escrevo, o pior pareça ter ficado para trás – já que temos vacinas e remédios promissores –, nós, médicos, estamos nos preparando para lidar com os efeitos futuros desse período no bem-estar mental das pessoas por tempo indeterminado. Muita gente desenvolveu comportamentos solitários, que podem ter levado a ansiedade e depressão, e passou a fazer (ou intensificou o) uso de álcool, drogas e remédios na tentativa de atravessar o momento de tantas adversidades.
- O desejo de ter uma vida “perfeita”, em muito motivado pelo fenômeno das redes sociais e pela exibição de um cotidiano que parece feito só de conquistas, sorrisos, viagens e corpos bonitos, exerce uma pressão enorme sobre a saúde mental das pessoas hoje. Primeiro porque gera comparação e, consequentemente, frustração em quem está no “mundo real” enfrentando dificuldades e com problemas para resolver, como é comum na vida. Além disso, para atender à expectativa de parecer sempre bem, cria-se um ciclo enganoso de esconder e fingir emoções. Isso nos desconecta de nós mesmos e aos poucos vai minando nosso bem-estar, nos deixando vulneráveis a ansiedade e depressão. As redes também têm relação direta com o aumento da insatisfação corporal principalmente entre meninas e mulheres, predispondo a compulsão e transtornos alimentares, como anorexia e bulimia. Atendo muitas dessas pessoas que parecem viver mais no mundo virtual do que no real e posso afirmar: não existe vida perfeita.
- Pessoalmente, não acordo todos os dias cheio de pique para correr, pedalar ou nadar. Há ocasiões em que preferiria ficar um pouco mais na cama, ainda mais quando está frio ou chovendo e o sol ainda nem apareceu, o que é comum, já que costumo treinar bem cedo. Aposto que atletas profissionais também passam por isso. Mas levanto quase sem pensar, me visto – para facilitar e não perder tempo, na noite anterior separo as roupas e os acessórios que vou usar nos treinos do dia – e saio. Quando entro no elevador eu já esqueci a dúvida, o sono e a preguiça. Incluir exercícios na rotina, por mais que se tenha uma agenda cheia, é uma questão de hábito.
- Quando penso em como abordar um processo de mudança, vem à minha mente a imagem de uma cômoda com várias gavetas: não adianta abrir todas ao mesmo tempo porque só será possível ver o conteúdo da gaveta de cima. É preciso abrir uma, mexer no que for necessário e fechá-la antes de acessar a próxima. Da mesma forma, quando alguém decide se cuidar mais, não é preciso nem costuma dar certo tentar resolver tudo de uma vez. Por mais que haja muito a fazer e tudo seja importante, é melhor priorizar – começar a se exercitar, diminuir o tempo nas redes sociais, perder peso, largar os remédios para dormir – e evoluir com calma, vencendo etapas à medida que ganha segurança, no próprio ritmo.
Sobre os autores:
Arthur Guerra é médico psiquiatra, doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e livre-docente pelo Departamento de Psiquiatria da FMUSP. Foi presidente do International Council on Alcohol and Addictions (ICAA) de 2014 a 2017. Atualmente é professor titular de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC e professor associado do Departamento de Psiquiatria da FMUSP. Coordena o GREA, Programa do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da FMUSP, e o Programa Redenção da Prefeitura Municipal de São Paulo.
Nizan Guanaes é CEO da N Ideias e estrategista de comunicação das principais marcas do Brasil. Um dos cinco brasileiros mais influentes do mundo, segundo o Financial Times, é embaixador Global da UNESCO. Nos anos 1990, revolucionou a propaganda brasileira com a agência DM9 e nos anos 2000, com a África, redesenhou o modelo da agência de publicidade. Construiu a primeira grande holding de propaganda e marketing do país, colocando o Grupo ABC entre os 20 maiores do mundo. Nizan recebeu a maior comenda nacional, a Ordem do Rio Branco, por serviços prestados ao país na área empresarial e social. É maratonista e triatleta.
Sobre o livro:
Você aguenta ser feliz?, de Arthur Guerra e Nizan Guanaes
Preço: R$ 49,90 / R$ 29,99 (e-book)
Páginas: 244
Formato: 16 x 23 cm
Mais informações:
(21) 2538-4176
Thassiana Carias - thassiana@sextante.com.br
Marcela Cerqueira - marcela@sextante.com.br