18/07/2023
Arthur Guerra
Trabalhar com alguém extremamente ansioso pode ser um fardo. De fato, para pessoas com ansiedade, a rotina de cumprir prazos e metas, aprender novas ferramentas e competências, lidar com conflitos, conseguir uma promoção, é uma luta diária. E você, que trabalha ao lado de alguém assim, pode passar por muitos dissabores.
Uma pesquisa da Associação de Transtornos de Ansiedade da América (ADAA) de 2006 ajuda a mostrar o quanto esse problema de saúde mental é capaz de afetar o ansioso e seus colegas de trabalho:
a) 56% dos entrevistados disseram que a ansiedade prejudicava o seu desempenho;
b) 51%, que atrapalhava o relacionamento com os colegas;
c) 43%, que trazia prejuízo no relacionamento com os superiores.
A ansiedade irradia para quem está ao lado. Não por acaso, um dos sinais dos transtornos de ansiedade é quando faz sofrer quem está no entorno.
Como lidar com isso, então? Primeiro, entendendo que a ansiedade não está sob o controle de quem a tem. O seu colega não faz isso porque quer, nem provoca propositadamente comportamentos do tipo “interrompê-lo enquanto você está falando, concluir a frase de um terceiro, irritar-se com frequência”, entre outros.
Muitas vezes, o ansioso sequer sabe que esse é um problema de saúde mental e trata aquilo como se fizesse parte de sua personalidade. Ou, quando sabe, como mostrou essa pesquisa americana da ADAA, tem muita dificuldade de conversar sobre isso com sua liderança ou colegas.
Entretanto, se ele se abriu com você sobre o problema, trate como se a conversa fosse uma confidência e assegure a ele que o assunto se manterá entre vocês dois, a menos que o seu colega, por causa da ansiedade, esteja cometendo um número excessivamente alto de erros que possam comprometer a qualidade do trabalho ou a segurança de alguém.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.